Repercussão nacional: Goleiro do Santos é alvo de ofensa racista em Porto Alegre
ARANHA RECLAMA DAS OFENSAS RACIAIS QUE SOFREU NO JOGO CONTRA O GRÊMIO EM PORTO ALEGRE
Em mais um triste episódio de racismo nos campos de futebol, o goleiro Aranha, do Santos, foi alvo da torcida do Grêmio, na noite desta quinta-feira (28), em Porto Alegre. As ofensas aconteceram aos 43 minutos do segundo tempo, quando o placar já apontava 2 a 0 para os santistas. Os xingamentos partiram de um grupo de torcedores gremistas que estavam atrás do gol defendido por Aranha no segundo tempo do jogo, setor normalmente destinado às torcidas organizadas. Ao perceber o teor dos xingamentos, Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio e a partida foi paralisada por alguns minutos. Porém, apesar dos protestos do goleiro, o juiz mandou o jogo seguir.
No final do jogo o goleiro aranha mostrou sua indignação com o episódio. "A torcida xingar é normal, mas começaram com palavras racistas: 'preto fedido', 'cambada de pretos', essas coisas. Fiquei nervoso, mas estava me segurando. Foi aí que começou um pequeno coro de 'macaco'", relatou Aranha. "Quando me chamaram de macaco, de preto, bati no braço e disse que sou preto, sim. Sou negrão, sim", revelou.
TORCEDORES BRANCOS E NEGROS IMITAM MACACO PARA O GOLEIRO DO SANTOS ARANHA
Para o goleiro santista, peça fundamental na vitória de sua equipe nesta quinta, mais importante do que registrar uma ocorrência pelas ofensas é tornar pública a insatisfação com a postura dos torcedores racistas.
O gerente de futebol do Santos, o ex-jogador Zinho declarou que o clube dará todo o apoio necessário a Aranha e pode tomar atitudes contra os torcedores racistas flagrados pelas câmeras. "Vamos esperar e, conversando com nosso departamento jurídico, ver o que vamos fazer, mas não contra o Grêmio, contra o ato", disse ele. Em março, outro jogador do Santos, o volante Arouca, foi vítima de racismo em um jogo contra o Mogi Mirim. A equipe do interior paulista foi julgada e escapou apenas com uma multa de 50 mil reais.
Torcedora racista chama goleiro Aranha de macaco
Jogadores dos dois times lamentaram o episódio. Principal referência do Santos, Robinho afirmou que o racismo só vai diminuir quando os responsáveis pelas ofensas enfrentarem as consequências de seus atos. "Tudo vai de acordo com a punição, é identificar os torcedores e puni-los. Se não houver punição, vai continuar." O veterano volante gremista Zé Roberto, que teve passagens pelo futebol alemão, pela seleção e pelo próprio Santos, também pediu o fim da impunidade para os torcedores racistas. "A gente vive num país racista. Infelizmente, ainda hoje acontece muito. Como pegou a imagem e pegou a pessoa, tem que haver punição", disse ele. Após a partida, o Grêmio prometeu que vai identificar os torcedores que xingaram Aranha.
Racismo no Brasil é crime inafiançável e imprescritível, mas só é classificado dessa forma quando as ofensas atingem um coletivo. No caso do jogo do Santo e grêmio o delito deve ser classificado de injúria racial, já que só uma determinada pessoa foi ofendida. Nessa situação, segundo o Código Penal, a pena prevê reclusão de um a três anos e multa. A torcedora do Grêmio Patrícia Moreira deverá se apresentar na delegacia de Porto Alegre com seu advogado diante da repercussão nacional do caso.
Fonte: https://www.portaldepaulinia.com.br/ Acessado dia 13 de agosto 2015 as 19:00 hs.