Cruz do Espírito Santo 1996 Cem anos de História

03/03/2012 10:05

                                

Por volta de 1600 foi construído o Engenho Espírito Santo, situado á margem direita do Rio Paraíba, em terras próximas de onde hoje se localiza a cidade de Cruz do Espírito Santo. Este engenho pertencia ao capitão Manoel Pires Correia, o qual, com a invasão holandesa na Paraíba, teve que abandonar suas propriedades. Passou, então, o referido engenho para o domínio de Joan Van Olen, Batavo que o vendeu posteriormente a Mense Francen Aurenhaut, seu compatriota. Que ali ficou estabelecido até a expulsão, em 1654.

            Foi no engenho Espírito Santo que o governador holandês da Paraíba, Ippo Eyssens, foi morto em uma emboscada por Rabelinho, que chefiava uma guerrilha contra os invasores, aos 14/10/1636.

            Após a retirada dos invasores, o engenho foi adquirido pela família Rego Barros (e creio que também pelos Albuquerque Maranhão), sendo seu último proprietário o coronel Claudino Francisco do Rego Barros; daí passou para família Ribeiro Coutinho, que construíram a usina Espírito Santo, posteriormente desativada, e suas terras incorporadas ás Usinas São João e Santa Helena.

             As cheias do Paraíba que frequentemente ocorreram e que danificavam a cidade de Cruz do Espírito Santo, por esta localizada á margem esquerda, têm sido um fator de desassossego para sua população. No ano de 1787 existiam alguns casebres onde hoje se localiza a cidade, uma grande cheia ocorrida neste ano trouxe uma grande Cruz de madeira que ficou encalhada, após baixarem as águas, no local onde hoje se encontra a Praça Lourival Lacerda. O local passou a ser chamado Cruz; surgiram mais alguns casebres e com o decorrer dos anos ali foi construída a primeira capela.

            A povoação ficou conhecida por Cruz do Espírito Santo, pertencia á freguesia de Santa Rita (a partir de 1840) e á jurisdição de Pilar. Por lei de 10/06/1860 com a criação do município de Pedra de Fogo, passou a pertencer aquele município. Aos 07/03/1896 o povoado, por lei nº. 40, tornou-se independente. Fazia parte do seu território os distritos de Sapé, Sobrado e São Miguel do Taipú e Caapora.

            No ano de 1924 mais uma grande cheia quase destrói completamente a cidade. A sede do município foi transferida para Sapé por Lei nº. 627 de01/12/1925. A sua brava gente não desiste e volta a reconstruir, a sua bela e majestosa Matriz permanece intacta, o trabalho e a fé dos seus habitantes fazem ressurgir dos escombros a sua querida cidade.

            Era Deputado estadual o coronel José Francisco de Paula Cavalcante, no ano de 1935, e liderou um movimento para restaurar o município. Ficou desmembrado então do atual município de Sapé.

            As boas terras da várzea do Paraíba fizeram surgir inúmeros engenhos na região, instalando-se por ali parte da aristrocacia rural paraibanos do século passado e início do atual. Destacamos: engenho Pau D’ Arco do Cr. Aprígio dos Anjos, Tabocas do Dr. José Fernandes de Carvalho, Saboeiro do Dr. César Cartaxo, Calabouço de Joaquim Martins de Carvalho, Santo Antonio de Dr. Joaquim Moreira Lima, Munguengue do Coronel Alípio Ferreira Baltar, Puchi do Coronel Francisco Ignácio Pereira Castro, Sant’ Ana do Coronel José Francisco de Paula Cavalcante, Maranhão de Antonio do Rego Barros, Una do Dr. João Úrsulo Ribeiro Coutinho e muitos outros.

             Estes engenhos foram sendo absorvidos progressivamente pelas usinas. As casas-grandes foram se esvaziada, suas capelas sendo destruída pelo tempo e descaso. Hoje restam algumas, em ruínas outras foram recuperadas a da Batalha e a de Santo Antonio e Santa Luzia.

            A capela da Batalha, construída após a expulsão dos holandeses (1654) para relembrar uma árdua batalha ali travada e expressar os agradecimentos a Nossa senhora pela vitória alcançada.  

 

A paróquia

 

A paróquia de Cruz do Espírito Santo foi criada no dia 03/01/1904, desmembrada da se São Miguel de Itaipu. Seu primeiro vigário foi o cônego José João Pessoa da Costa. Antes a atual Matriz e demais capelas, geralmente nos engenhos, eram periodicamente assistidas pelos padres visitadores, conforme atestam os livros de registro da paróquia de Santa Rita, e possivelmente os de São Miguel de Itaipu. Foi o Cônego João Pessoa da Costa, de saudosa memória, o grande pastor dessa terra que por cerca de meio século conduziu os destinos da comunidade cristã, até 1964. Com o seu falecimento, a paróquia passou a ter a assistência dos seguintes sacerdotes: Pe. Paulo Koelen, Pe. Aluisio Ferreira dos Santos, Pe. Ricardo Romonelli, Pe. Hildebrando Santana, Pe. Moisés Miranda, Pe. Piercalo Mazza, Pe. Giuseppe Laera e Pe. José Diácono de Macedo. Felizmente o arquivo da paróquia não sofreu dano com a enchente de 1985.

A Matriz

        A pedra fundamental da Matriz de Cruz do Espírito Santo foi lançado a 2 fevereiro de 1884, pelo padre Firmino Herculano de Figueiredo, vigário de Santa Rita. Esteve presente a banda marcial do corpo de policia. A benção da primeira tesoura foi a 18 de abril de 1885. Foram paraninfas dona Córdula Fernandes de Carvalho (mãe de Augusto dos Anjos) e dona Maria Cavalcanti Vasconcelos (esposa do major Ursulino). 

O massacre do Engenho São Tiago Maior

 Em 20 de março de 1645, os holandeses que haviam invadido a Paraíba instigaram os índios, seus aliados, atacaram São Tiago Maior, (Atual Engenho São Felipe ou Puxi de cima) de André Dias de Figueiredo. Foram assassinados todos os habitantes do engenho e moradores, só escapando á morte uma filha do senhor do engenho que, diz a crônica, ser uma jovem muito bonita, sendo por isso poupada e enviada para fortaleza de Cabedelo.  

 

Fonte: Jornal A União

Adauto Ramos 07 /03/1996