10ª Semana Eixo Educação e direitos humanos - Senso comum e ciência
Ciência e senso comum
O conhecimento científico moderno é uma conquista recente da humanidade, pois foi instituído na nossa sociedade há apenas algumas centenas de anos atrás. Já o senso comum (o conhecimento vulgar) é algo bem mais antigo; vêm dos primeiros grupos sociais da Antiguidade.
No início, a ciência moderna era exercida contra o senso comum, e depois passou a ser praticada através dele.
Todo exercício da ciência parte de algum conhecimento vulgar, mas, como todo conhecimento vulgar é findável, cabe ao meio científico a exclusiva responsabilidade de ultrapassar os limites do saber, uma causa de extrema importância que o senso comum não compartilha.
Usa-se a ciência muito mais para apoiar o senso comum do que o contrário.
Ao ouvirmos a frase “use o bom senso”, normalmente usamos senso comum para pensar ou agir. Mas, por exemplo, quando lemos a frase “estudos mostram que…”, geralmente somos mais resistentes e céticos, pois preferimos não acreditar no fato de que conhecimentos científicos podem contradizer aquilo que o senso comum nos diz.
O senso comum é visto como um importante roteiro de ações, mas a real importância disso não é facilitar a apreensão de conhecimento útil, e sim gerar insights valiosos para que a ciência sim possa capacitar o saber.
A ciência busca, por meio de sua ênfase na pesquisa, o debate e crítica de opiniões para afastar-se o máximo possível do senso comum, porém, sem nunca perdê-lo de vista. Dessa forma, o que diferencia o senso comum da ciência é basicamente o rigor.
Em 1854, o escritor inglês Aldous Huxley escreveu:
“A ciência é, acredito, nada mais que o treinado e organizado senso comum, diferindo deste apenas como um veterano pode ser distinguido de um recruta.”
A linha de argumento de Huxley é a seguinte: não importa quanto um conhecimento científico possa ser incontestável, basta a menor experiência sobre algo para pôr em cheque conclusões baseadas na ciência.
De fato, é muito mais fácil receber e emitir opiniões sem saber por que e o que significam. É muito mais fácil ser acrítico e conceber informações sem precisar atestar sua veracidade. É muito mais fácil julgar sem provar, e também é muito mais fácil ser condescendente quando corremos o “risco” de sermos contrariados.
É claro, a ciência também trabalha com conhecimentos parciais e provisórios, só que, diferentemente do senso comum, o meio científico não considera um conhecimento como definitivo.
A ciência tem olhar cíclico, o senso comum assume perspectiva linear. A ciência é aberta a uma hipótese, o senso comum desconsidera o benefício da dúvida. A ciência promove senso crítico, o senso comum preza o conservadorismo de intelecto. A ciência gosta de confrontar, o senso comum gosta de concordar. A ciência gosta de debates e questionamentos, mas o senso comum é preso a delimitações.
Enquanto o senso comum é fragmentado, precário, preso a preconceitos e tradições conservadoras, a ciência preocupa-se em provocar a verdade não sobre, mas além da realidade. A ciência produz conhecimento a partir da razão; o senso comum corrobora essa razão.
Por ser de extrema utilidade no dia-a-dia, devemos sempre considerar o senso comum, mas nunca superestimá-lo.
Devido ao forte apelo popular, o senso comum costuma gritar mais alto que a ciência, apesar de, ironicamente, muitas pessoas usarem (ou adaptarem) conhecimentos científicos a fim de defenderem argumentos que para elas são tão óbvios, mas que na prática não se mostram assim.
Sociologia e senso comum
A Sociologia costuma ter uma relação conturbada com o senso comum.
Muitas vezes, o senso comum acaba sendo uma poeira que encobre a visão. Como ciência que busca entender melhor as relações sociais, a Sociologia não pode (e nem deve) confiar em observações deturpadas.
A proposta aqui não é julgar o senso comum como sendo uma forma totalmente errônea de enxergar fenômenos sociais, mas limitada. A intenção é expor que esse modo de analisar as relações humanas não é suficiente para compreendê-las.
Embora seja rico e até interessante, o senso comum não se aprofunda à raiz dos fenômenos; não apresenta necessariamente uma explicação racional para a realidade do meio. Não vai tão longe.
Pela lei do mínimo esforço, acostumamo-nos a compreensões de mundo específicas e não mais as questionamos; tornamo-nos conformistas. Para combater isso, o pensar sociológico pode ajudar.
Existem incontáveis exemplos de senso comum. É recorrente ouvirmos que “bandido bom é bandido morto”, “só lê quem é culto”, “a redução da maioridade penal é a solução para a violência”, “casamento de verdade é entre homem e mulher”.
Outro exemplo é o suicídio. O senso comum diz que o suicídio é um ato individual, impulsivo e egoísta, o que não é de todo verificável. Na obra O Suicídio, o sociólogo francês Emile Durkheim afirma que o suicídio não é uma atitude isolada de um indivíduo, e sim uma conseqüência situacional da sociedade que o cerca, ou seja, as causas do suicídio são sempre sociais (uma teoria que vai na contramão do senso comum).
É importante ressaltar que o senso comum é uma forma válida de conhecimento, pois realmente precisamos dele para suprir necessidades do dia-a-dia. Contudo, o senso comum se baseia demais na experiência coletiva das m
Fonte: https://laparola.com.br/senso-comum-sociologia-ciencia-e-mito#:~:text=Sociologia%20e%20senso%20comum,deve)%20confiar%20em%20observa%C3%A7%C3%B5es%20deturpadas. Acessado no dia 13 de junho de 2020
Atividade sobre ciência e senso comum
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